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Sim. Eles seguravam os quadros com as fotos. Bordas pretas, bem largas. As nossas fotos. Daquelas felizes, de uma felicidade pesada que necessitava de grandes parafusos. Tiraram os quadros. As circunstâncias arrancaram as fotos de lá e na parede ficaram os torpes parafusos. Enormes, soberbos! Me olhavam arrogantes e com voz de metal me diziam senhores, que agora a paisagem eram eles. Agora os pregos contavam histórias. Deram o tom por seis dias e pronto. Malditos. Tirei-os à força, desenroscando a paixão, girei-os com nervosidade, a contra gosto do coração. Cortei à navalha o pedaço da bucha, entupi de gesso cola, alinhei à parede, só deixei o reboco. Eu sempre mandei nesses parafusos, nesses pregos, nesses quadros... Agora, a parede está vazia! Ao menos, esconderam-se os buracos!
17.12.2012
