"PoLiTiCaMeNTe iNCoRReTa!!"

sábado, 26 de março de 2011

SenSaÇõeS

E quando se sente aquela suavidade de um afeto que não existiria mais? Aquele gosto de brisa, aquele cheiro de mar! E quando a memória da boca sente a saudade do beijo, do sabor e das digitais do lábio? Sim! Aqueles lábios tinham digitais! E quando o olhar se perde no meio do dia, sem nexo, perplexo, editando imagens, esmorecendo, captando em altas voltagens os suores dos corpos reféns ? Choques espasmódicos, encontro, conjunção, colisão, atração! Sensações.. Impressões convertidas em idéias.. idéias nos nervos, tendões, papilas e poros!

terça-feira, 22 de março de 2011

ExCoMuNGaÇão

E o que dizer das densas lacunas que transformam a alma depois que o corpo lhe brinda com toda sorte de coquetéis, orgias e satisfações múltiplas de desejos impublicáveis? E o que dizer do oco que se ocupa da alma e cresce em progressão geométrica, reverberando em imagens slow motion cada infame suspiro de glória obtido ilicitamente nas surdas alcovas?
E o que dizer?
O que dizer?
Dizer da alma que não se farta, que não vislumbra limites, que não pondera razões, que põe em cheque alianças de sangue, de carne, de alma? Que se entrega aos seus próprios prazeres, que não vê outra alma além de si mesma e que se delicia na morbidez das suas epifanias?
E o que dizer dessa alma?
Bastarda!
Infame!
Inglore!

segunda-feira, 21 de março de 2011

DeSaNCoRaDo


E o que fazer quando o coral do bom senso canta melodiosamente a canção do “Não”? Os ouvidos adestrados até apreciam a sinfonia, ela desce ao coração e lá chega pesada como uma âncora, que tenta desesperadamente impedir o avanço sem rumo de um navio louco. Mas ele não para! Segue insano em desafinação, mistura os acordes, desafia as escalas, faz seus desenhos nas águas, maculando  a canção.

terça-feira, 15 de março de 2011

aNiMaiS

E como se quisesse bem pouco escapar, a presa deixara-se abater.
Insuficiente debate!
Nenhuma relutância!
Insignificante oposição!
E como a força por meio da qual um corpo reage contra a ação de outro corpo estivesse inerte, a resistência era no campo da mente. E permitia-se, enquanto a mente perdia tempo em debate nulo com a intenção, que seu corpo fosse devorado, administrando espamos de dor e prazer e o terror de ser a presa das suas próprias armadilhas e paixões.
Acordara com dores desconhecidas naquela manhã.
Dores de alma.
Mas o corpo desejava novamente ser a presa, 
ignorando completamente a iminência da morte!
Quanta insanidade cometem esses animais!
Quanta inconseqüência!

aNiMaiS

E como se quisesse bem pouco escapar, a presa deixara-se abater.
Insuficiente debate!
Nenhuma relutância!
Insignificante oposição!
E como a força por meio da qual um corpo reage contra a ação de outro corpo estivesse inerte, a resistência era no campo da mente. E permitia-se, enquanto a mente perdia tempo em debate nulo com a intenção, que seu corpo fosse devorado, administrando espasmos de dor e prazer e o terror de ser a presa das suas próprias armadilhas e paixões.
Acordara com dores desconhecidas naquela manhã.
Dores de alma.
Mas o corpo desejava novamente ser a presa,
ignorando completamente a iminência da morte!
Quanta insanidade cometem esses animais!
Quanta inconsequência!


sexta-feira, 11 de março de 2011

CarpediaR

Riscos e caprichos
a insensatez de reviver paixões juvenis
a adrenalina cumprindo a função da manutenção da vida
e os artistas no palco
realizando seus espetáculos
de dor, de sabor, 
de humor, de amor.
Uns com máscaras, outros sem
Uns tantos pintados, 
alguns desfigurados
embevecidos pelas extasiantes sensações, 
que de velhas, são novas
Quase envergonhados 
pelos papéis que se prestam
absortos pela mágica da vida, 
pelo calor do momento.
Dispostos ...
Descrentes ...
Conscientes de que 
das paixões inflamadas 
É quase impossível fugir
E mesmo se não fosse impossível,
tão raros são os que as queiram evitar!
Ao contrário, as desejam.
Desejam como gotas de vida em mortos mares.
É o 'carpe diem'... do meu verbo Carpediar...

terça-feira, 8 de março de 2011

BiCHo No MaTo

Entre risadinhas infantis
cigarras e lagartas do mato
entre a grama molhada, a terra barrenta,
as formigas gigantes e a canção de tantos bichos,
embolam-se, caracoleadamente,
as turvas imagens
os suaves desejos.
Nas copas das árvores, suspensas,
jazem ardentes as aflições.
Na cadência do vento da rede
os beijos de brisa;
Afetos dados e desejados
Proibidos e disfarçados
Negados e concedidos 
Reverberação em lances boiantes, a la bella luna!
E tão logo a chuva se esvai
clareiam-se os melhores instantes
quando odores, beijos, semblantes e trato
giram como eco em uma mente vagante
num clarividente espetáculo vicioso.

terça-feira, 1 de março de 2011

aBiSMo

Aquela imagem não era a mesma da mulher que vira segundos antes refletida no espelho. Segundos que duraram milênios. Não se reconhecia. E se admirava daquilo. Achava instigante ser uma outra. Era outra, nela mesma. Tinha as mesmas bondades da outra, porém, um maldade ensandecida latejando nas veias. Quando se olhava nos vidros das janelas, via-se diferente e por mais que soubesse que aquilo não lhe faria bem, avançava.  Avançava decidida, tal qual vacas marcham rumo ao seu mórbido e saboroso destino. E todos os sentimentos de remorso que insistiam em despertar, eram sucumbidos por um outro indigno, que sufocava as razões e esfriava qualquer paixão pela vida, por suas rotinas e por sua intolerável monotonia. Lançou-se. De peito aberto naquele abismo, nada infinito, mas abismo. E não morreu! Pasme! Ela não morreu afogada no abismo de suas insanas (outras) paixões!