"PoLiTiCaMeNTe iNCoRReTa!!"

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

BorBoLeTaDoR

Não acreditava que já era tão tarde. Como pode dormir até tal hora! Talvez fosse aquele sonho. Tão surreal. Tão dorido. A sensação de pavor, mesmo depois de despertar era pulsante. Desde criança, adorava borboletas. Seu fascínio pela natureza era inspirador. Nunca pode ir as belas trilhas, ou lindas cachoeiras. Nunca tivera recursos para conhecer os famosos picos, mas admirava devotamente a beleza que estava ao alcance dos seus olhos. Todos os dias ela procurava a lua nos corredores dos becos que morava, via por uma fresta, a olho nu, e sorria sempre. Quando havia alguém por perto, convidava ao espetáculo. Mas na maior parte do tempo, a contemplação era solitária e isso não a incomodava; Pelo contrário. Esperava com ansiedade a hora, minuto e segundo em que a nova estação chegaria, anunciada pela bela voz empostada de sua jornalista preferida, Sandra Annenberg. Admirava e sorria quando passarinhos um tanto lerdos, entravam pela janela de vidro da sua área de serviço e não conseguiam sair por não discernirem o vidro. Olhava todas as suas linhas e penas, todas as cores que a retina podia decifrar e logo os indicava o caminho do céu. Por borboletas nutria fascinação. Sempre que podia, pegava uma ou outra distraída para decifrar todas as impressões que a luz do sol imprimia sobre as asas e antes que sentissem medo, as devolvia as nuvens. Mas naquele sonho, algo estranho acontecera. Uma borboleta cirandava tão linda, tão vistosa, que era tentador. Era enorme, asas tão grandes que era impossível não desejar olhar de perto. E assim foi. Logo que a borboleta pousou, aproximou-se esperançosa de ter entre os dedos, todos aqueles azuis. E tocou, segurou as asas, de modo firme e suave, quando de súbito, a borboleta se revela maior que outrora via. A textura das asas era de pano, era forte e resistente. Na borboleta, via um rosto de ódio. Curvou-se para trás, como se quisesse devorar sua imprudente caçadora e envergando-se num tecido elástico, mordeu a ponta do dedo que a capturara com força descomunal. Seus dentes afiados se instalaram na primeira falange do dedo. Sem cerimonia. No sonho, ela se assustou, e gritou. E tentou se soltar ou soltá-la, mas a borboleta lhe mordeu até machucar. Ao acordar, ainda sentia dor, não se lembrava se conseguiu soltar-se daquela boca e não entendia como podia uma criatura de azuis tão angelicais, transformar-se num medonho e encantador agente de dor.
imagem: google

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

a BRuXa Sou eu, e daí?

eu me encontro no meu caos. nos meus desencontros não perco o chão. nao adianta tentar me adestrar. minha falta de tino vai de mal a pior. tenho manias patéticas, hábitos antiestéticos, mas minha falta de compostura não me desbaratina, tenho resposta pra toda pergunta e quando me calo, estou tecendo revolução. se a vida me esnoba, dizendo seus sonoros nãos, pra que entregar os pontos? o que não me falta, é opção. o que me emputece são essas manias insuportáveis, de quererem me transformar numa fada com varinha de condão. o que existe é uma bruxa em mim, que faz feitiço, vodu, roga praga e maldição. uso um grande chapéu de ponta, minha verruga é maior do que parece, alço vôo de vassoura customizada e edifico minhas idéias , colocando meus planos maléficos em ação.