"PoLiTiCaMeNTe iNCoRReTa!!"

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Não me vejo mais em mim.


Aquela que era eu está-se indo


Quase não a posso enxergar.

InfaláveL



Quando chega essa hora, quase não caibo em mim...Rodear-me de livros e abri-los alternadamente,um após outro,  folheá-los, ler páginas de um,pedaços de outro.
Espalho-os todos no sofá preto, pego lápis coloridos,canetas marca texto,
réguas para grifar e até máquina de fotografar.
Um a um se põe a chamar-me e me sinto uma estória, uma frase em cada lugar.
Me misturo no vai e vem de páginas, nos contos, me sinto soneto até crônica virar.
Enquanto leio, sou lida, sou capa, sou guarda. 
Sou a palavra que não se pôde grafar.




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Anti - Retrato de Cecília ao Contrário



Não quero.  De Cecília quero a habilidade de fazer poemas, a atmosfera de sonho e a overdose  de encantamento, mas não quero a sofreguidão. Ah, não quero o padecimento infinito, que deixava seu rosto triste, num semblante magro, quero sim  a musicalidade da poesia, a rima dos versos no tom  da fantasia. Quero aguçar os sentidos, de modo que quando me lerem, a mim possam tocar, assim como te toco, Cecília, assim como te vejo chorar.  Não quero no lábio esse amargo da ausência e dos passos que se vão, quero guardar o coração aquecido e o entendimento são. Se as paixões amarguram o lábio, tornam o torpor inebriante em fel, não quero a lembrança dorida, quero o instante, sem passado e sem futuro, e quero abarcar o presente e vivê-lo atemporal . Veja só as minhas mãos robustas, não combinam com aquela descrição, mãos frias não aquecem a alma, é quase morte ao coração, quero o vigor pra puxar a vida e carregar meu amor pela mão. E o que dizer do coração? Ah... Que medo tenho de congelar o coração! É tanto desalento, é tanta desilusão, o nobre músculo fraqueja, deseja o fim, se rende à sucumbição! Eu vejo essas tais mudanças, cada pedaço grita a deterioração, mas eu não quero me perder em espelhos, quero sofrer e entender a razão, quero entender a transitoriedade da vida, Cecília, sem me perder imersa nessa solidão.


 
 
 
Mulher chorando com lenço (1937) Picasso