"PoLiTiCaMeNTe iNCoRReTa!!"

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Um PoST CHaMaDo aNa MaRia


Sempre que eu faço um post dedicado à alguém especial, eu começo assim, dizendo que sou agraciada por ter amigos de tanto valor, de imensurável valor, na verdade, e hoje não é diferente, hoje é o dia de uma preciosidade que Deus colocou no meu caminho e me permitiu andar com ela, de mãos dadas, nos sentimentos, nas palavras, nos sorrisos, nas lágrimas, na busca pelo equilíbrio. Ana Maria Moreira, para que não haja dúvidas! Esse é o nome dela. Foi assim que ela chegou no meu caminho, eu estava cansada, sentada na areia da minha praia, mas antes disso eu havia sido sacudida, jogada pelas ondas para lá e para cá, de maneira quase covarde, uma mar revolto que me arrebatou de surpresa me tirando o chão e me desconstruindo de forma ininteligível. Lá estava eu, respirando um pouco, cansada, doída, quando uma outra forte onda lança Aninha bem perto de mim e lá estava ela, como eu, jogada, perdida, machucada e desconstruída também. Foi empatia logo de cara! Muitas horas no telefone, muita troca de vida e a minha sincera admiração por reconhecer em você uma pessoa que se interessa de verdade pelo que o outro comunica, minha gratidão por encontrar em você uns olhos que não tiram os olhos dos meus e conseguem sorver tudo que eu sinto, mesmo quando não falo, porque simplesmente não se recusa a olhar pra mim de verdade e porque eu posso me dividir com você de maneira integral e em nada eu vou  ficar incompleta. Que orgulho ter você entre as minhas mais importantes amizades. Que leveza saber que eu posso dividir com você os meus melhores momentos, os mais idiotas, aqueles bem piegas, apaixonados e ridículos, e posso dividir os piores momentos, decepções, depressões sem explicação, rompimentos, dilaceração de coração, perdas e pedras e sofreguidões da caminhada. Que alívio saber que eu não estou sozinha e que você está comigo e eu estou com você pelos caminhos que escolhermos. Maravilha saber que você está comigo e compartilha, e presencia e participa  da reconstrução de mim mesma.  Que bom saber que, mesmo sendo tão diferentes, eu encontro em você, o equilíbrio que me falta, e posso te dar essa certa dose de desequilíbrio e destempero que te faz vibrar em altas frequências por dentro. Felicidades, Ana. Que a vida te seja generosa, nessa mesma proporção que você tem sido a mim, que a vida te seja companheira, assim, como você tem sido todos os dias, que ela te seja uma grande amiga, assim, só amiga, amiga pra tudo, mesmo sem precisar entender nos mínimos detalhes a matemática coisa, apenas sentir, como você sente.  Minha sincera gratidão a Deus pela sua vida e por poder estar pela primeira vez presente no seu aniversário, é muita vida compartilhada em tão pouco tempo, reconheço, mas a densidade da coisa, é milenar! Eu amo você! Feliz Aniversário!

sábado, 10 de maio de 2014

90º

Não, não! Acho que não posso dar mais um passo adiante. Não mais. É isso! Não vou. E como poderia ir se tudo se desordena espontaneamente nesse caos cá dentro? Como sair assim se as roupas estão todas espalhadas pela mobília e pelo chão do quarto? E os livros... sem marcadores, uns sobre os outros, lidos pela metade, marcando pedaços de poemas, pedaços, pedaços grifados, meus temas. Seus horários livres esbarrando nos meus compromissos raros, desencontros hábeis nas minhas tardes gris que entram silentes nas noites esguias em que te ausentas sagaz dos meus olhos atentos. Os neurônios bagunçados, o coração amarrotado - quase tanto quanto a roupa que me veste com pouca elegância. E quando penso ter ajeitado a sala, alinhado os quadros, o sofá num angulo de 90º  em matemática perfeita com aquele canto enfeitado de nós, entra você e seus colapsos instantâneos, ostentando essa primavera e fazendo até vibrar o meu coração com esse ar de - sou todo seu - sem ser.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

NeM MaiS, NeM MeNoS

Era o seu estado preferido de estar
dorido, às vezes.
Embolando-se tal água de mar
e ebulindo afumaçadamente.
Sua maresia tem o cheiro de amar,
fumaça da mente.
Queria tocar,
Atritar os pelos, a derme.
Queria provar,
arder em febre, delírios, suspiros.
Queria sorver,
revirar-se em espasmos, aspirar, devorar.
Embriagar-se daquelas visagens e poros abertos,
convite à.
Queria fundir-se e difundir-se naqueles fluídos
e em osmose transcendental
nunca mais sentir-se mais
nunca mais sentir-se menos
sentir-se inteiro, concentrado naquele todo
na completude do perfeito estado do seu próprio ser:
Dizia ele: 
Meu eu perfeito, você por perto.
Meu eu inteiro, você por dentro.
Nem mais, nem menos.


*Texto escrito em 02/04/2014

sexta-feira, 2 de maio de 2014

SauDaDe aSSiM




Saudade assim, dessas que não se mata e nem dela se morre, de tão bela. Dessas assim, que se alimenta com olhos fechados, peito aberto e punhos cerrados. Dessas que se consuma nos rostos sobrepostos, miragens de amor projetadas em andarilhos, universo amigo, transeuntes travestidos.
Saudade dessas assim, que se insurgem do solo, no meio da rua e recriam o cheiro quente do corpo, fagulha de insanidade que tempera o dissabor do não ter e de somente a ausência ter.
Saudade assim, tão grande que só dilata o peito, deixando ainda maior o vazio para o eco daquele que não mais se ouve a voz, para o reverbe da pele que não se toca mais, fina, suave, minha.
Saudade tão oca que o corpo quase reproduz o vapor da respiração perto, tão perto que não se precisava entender a fala, a palavra era o suspiro - entendido!
Saudade assim daquelas que se pudesse, não se sentiria, pois, dilacera em silêncio e se assenhora dos pensamentos, dos batimentos, das glândulas que fazem chorar e doer e moer.
Saudade daquelas que só não se sentiria se não tivesse havido, e o não ter havido é uma perda de vida, é desperdício de tempo, não tê-la havido é desatino, é a dor que não se sente por não saber-se em si, ser são, é o estado completamente afetado pela inércia da ilusão de não dor, de quem transita inócuo pelos caminhos de vida.
Saudade assim, dessas saudades costuradas de lonjuras, de avessos perfeitos, dessa lonjura que dá medo de esquecer as feições, os sorrisos, os sulcos ao redor do nariz. Saudade dessas assim, que com garras afiadas se aguilhoam à carne, relembrando numa nebulosa de dor e prazer, o perfeito estado do antes, daquilo que era ter-me em você.