"PoLiTiCaMeNTe iNCoRReTa!!"

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Só MaiS uMa iSoLDa


Colocara os pertences de Isolda dentro da sua mala.  Ele, um andarilho sagaz! Pôr-do-sol após outro, condicionara Isolda a uma viagem que não desejava, de todo, ir. Partir não fazia parte dos seus planos. Deixar-se para trás não era bem a sua intenção, no entanto, Isolda aceitava, resignada, o destino que a acolhia, e seguia,  deixando nas areias da alma, os pés daquele que tomara de assalto seus sentidos. Sua estrada, antes de música e sons, tornou-se inanimada quando ao paralelo do desejo, cerrava-se a possibilidade dele. Vedou um pedaço bom, floreado por sorrisos, cores e sabores. Esse mesmo destino prendeu numa escuridão mirabolante, as sensações que Isolda não desperdiçaria em razão das ardências da sua alma, mesmo que fadada a implodir em si, e a sucumbir em toda e qualquer  lembrança da caminhada com o andarilho sagaz. Isolda era afetiva, apegada... Isolda era o puro calor. Isolda não se ressentia do andarilho, Isolda apenas não desejava partir. Mas as malas estavam prontas, ele mesmo as organizou. Como num plano infalível, organizara os sentimentos de Isolda, de forma que entendesse que devia partir, mesmo sem querer. E foi... Os primeiros passos da viagem eram dados pelo andarilho sagaz... Um cigano, quase! Um quase encantado! E seguia insossamente ao limbo. Era lá que permaneceria, longe do que a entorpecera ao longo dos sóis.  Um quê de pesar enevoava seus olhos negros e emoldurava suas interrogações com ocos petrificantes.  Envolta em seu silêncio caótico, voltava o melancólico olhar ao conjunto de pegadas, um após o outro, e tão rápido distraída, avistou ao longe a figura encantada desmistificando a perfeição dos amores impossíveis. Intrigava-se ao medir que deixara para trás um pedaço do todo de si... E se aceitava. E na distância dos horizontes vislumbrados, Isolda falava consigo, sentindo ainda o frescor  no pulmão, do último ar que rodeava o andarilho... e dizia como se houvesse mesmo um cigano perfumado ao seu lado: Na impossibilidade de acompanhar-te em teus destinos insólitos, carregarei ao infinito a querência  da paixão que arrebatou-me em suspiros e palpitação.  Bebi da porção em grandes goles.  E nessa floresta que haq hora me embebe, fazendo crescer uma raiz de morreção inaudita, me morro. Teus ramos desconhecem raízes, mas o poder dos séculos fará brotar um espinheiro verde, que se elevará  por toda vereda que seu pé tocar, três vezes o cortarão, mas três vezes ele voltará a crescer e essa paixão, nunca terá fim. Parto então.  Levo comigo tudo que foi seu em mim e o desejo insolente de ter-me perpetuado em ti.