"PoLiTiCaMeNTe iNCoRReTa!!"

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

eSTéRiL

Amigos, Vocês já passaram por fases de estúpida esterilidade? Então.. Estou passando por ela agora. E por isso, deixo-vos mais um Neruda, visto que é querido entre vós e para dar a ele a chance de se aparecer no meu blog!!!
Perco tudo, menos o humor!!!
Nesse, O Livro de Perguntas,
ele faz umas questões bem interessantes, [claro], e existenciais.
Que tal escolherem ao menos uma das questões e respondê-la??
Adoraria.. Beijo enorme e carinho.
Livro das Perguntas
Tem coisa mais bo
ba na vida que chamar-se Pablo Neruda?
Que vim fazer neste planeta?
A quem dirijo esta pergunta?
E que importância tenho eu no tribunal do esquecimento?
Não era verdade que Deus vivia no mundo da lua?
Minha poesia desgarrada
abr'olhos com estes olhos meus?
Por que me picam as pulgas e os sargentos da literatura?
Que dirão da minha poesia
os que não tocaram meu sangue?
Posso perguntar ao meu livro se eu mesmo o escrevi?
Desde quando?

Por que nas épocas obscuras se escreve com uma tinta extinta?
E por que detesto as cidades
com cheiro de mulher e urina?
Quem devorou rente aos meus olhos um tubarão cheio de pústulas?
Por que andam as ondas me indagando
sobre as mesmíssimas perguntas? Por que não nasci misterioso?
Por que cresci sem companhia?

Das tais virtudes que esqueci
dá pra fazer um terno novo?
Onde está o menino que fui:
anda comigo ou evaporou-se?
Sabe que nunca fui com ele nem ele comigo tampouco?
Por que estivemos tanto tempo
crescendo para essa ruptura?
Quando minha infância se foi por que nós dois não fomos junto?
Ainda ontem disse aos meus olhos: quando de novo nos veremos?
Não é melhor nunca que tarde
dentro de listões amarelos?
Em que janela me quedei em busca do tempo, se pulcro?
Ou o que diviso destes ermos
ainda não passa de futuro?
Que me esperava em Ilha Negra:
verdades verdes? Compostura?
Se morri e não me dei conta
morto, a'hora, a quem me pergunto?
Quem me mandou desvencilhar-me das portas do meu amor-próprio?
É verdade que um condor negro
sobrevoa minha pátria noite?
Que há de pesar mais na cintura:
padecimentos? memórias?
Que deu em mim de transmigrar se vivem no Chile meus ossos?
Por que me movo sem querer?
Por que estou sempre desinquieto?
E se minh'alma desabou por que meu esqueleto prossegue?
Por que vou girando sem rodas e voando sem asas nem penas?
Por que minha roupa desbotada se agita como uma bandeira?
E que bandeira tremulou
no espaço em que não me esqueceram?
Pois não foi onde me perderam
que eu me dei, enfim, por achado?
Esse onde onde termina o espaço
se chama de morte ou infinito?
Por que voltei à indiferença
do maroceano desmedido?
Achas que o luto te antecipa
à bandeira do teu destino?
Se caí no laço do mar
por que fechei os meus caminhos?
Que significa persistir no beco da morte-sem-saída?
E no mar do não-passa-nada
mortalha faz algum sentido?
Por que trabalham sal e açúcar
construindo-se uma torre branca?
Onde fica o umbigo do mar?

Por que até ali não chegam as ondas?

Foi das costas do mar que eu vim:
para onde vou quando me atalha? Não sentes também o perigo na gargalhada do maralto?
Onde terminará o arco-íris:
dentro da alma ou no horizonte?
Vejo de novo o mar ab ovo:
o mar me viu ou botou banca?
Não choras rodeado de risos
- só - com as garrafas do vazio?
Quanto media o polvo negro que obscureceu a paz do dia?
Não será nossa vida um túnel
entre duas vagas claridades?
Ou não será uma claridade entre dois triângulos escuros?
E não achas que a morte vinga dentro do sol de uma cereja?
Ou que em perigosas substâncias do não ser, a morte lateja?
Devo escolher esta manhã
entre o céu e o mar, tudo ou nada?
Quem sabe lá de onde é que vem a morte: de cima ou de baixo?
A morte não seria enfim
uma cozinha interminável?
Ou não seria a vida um peixe
preparado para ser pássaro?

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

sE CaDa DiA Cai

Aos meus queridos, ofereço um poema de Pablo Neruda.

Se cada dia cai

Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.

há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.

Pablo Neruda (Últimos Poemas)

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

PRoJeÇão


Projeto-me para o futuro
Rumo certo em futuro incerto
Projeção de vida

Aspiração de projetos

Projeção de infantes
Pequenas sementes de gente grande.

Antes eu corria no pátio
Gente grande tomava café
Agora eu tomo café

Pequenos gigantes me agarram as pernas
Agarrando o futuro
Projetando o mundo

Projeção no meu mundo.