Amigos, Vocês já passaram por fases de estúpida esterilidade? Então.. Estou passando por ela agora. E por isso, deixo-vos mais um Neruda, visto que é querido entre vós e para dar a ele a chance de se aparecer no meu blog!!!
Perco tudo, menos o humor!!!
Nesse, O Livro de Perguntas,
ele faz umas questões bem interessantes, [claro], e existenciais.
Que tal escolherem ao menos uma das questões e respondê-la?? Adoraria.. Beijo enorme e carinho.
Perco tudo, menos o humor!!!
Nesse, O Livro de Perguntas,
ele faz umas questões bem interessantes, [claro], e existenciais.
Que tal escolherem ao menos uma das questões e respondê-la?? Adoraria.. Beijo enorme e carinho.
Livro das Perguntas
Tem coisa mais boba na vida que chamar-se Pablo Neruda?
Que vim fazer neste planeta?
A quem dirijo esta pergunta?
E que importância tenho eu no tribunal do esquecimento?
Não era verdade que Deus vivia no mundo da lua?
Minha poesia desgarrada abr'olhos com estes olhos meus?
Por que me picam as pulgas e os sargentos da literatura?
Que dirão da minha poesia os que não tocaram meu sangue?
Posso perguntar ao meu livro se eu mesmo o escrevi?
Desde quando?
Por que nas épocas obscuras se escreve com uma tinta extinta?
E por que detesto as cidades com cheiro de mulher e urina?
Quem devorou rente aos meus olhos um tubarão cheio de pústulas?
Por que andam as ondas me indagando sobre as mesmíssimas perguntas? Por que não nasci misterioso?
Por que cresci sem companhia?
Das tais virtudes que esqueci dá pra fazer um terno novo?
Onde está o menino que fui: anda comigo ou evaporou-se?
Sabe que nunca fui com ele nem ele comigo tampouco?
Por que estivemos tanto tempo crescendo para essa ruptura?
Quando minha infância se foi por que nós dois não fomos junto?
Ainda ontem disse aos meus olhos: quando de novo nos veremos?
Não é melhor nunca que tarde dentro de listões amarelos?
Em que janela me quedei em busca do tempo, se pulcro?
Ou o que diviso destes ermos ainda não passa de futuro?
Que me esperava em Ilha Negra: verdades verdes? Compostura?
Se morri e não me dei conta morto, a'hora, a quem me pergunto?
Quem me mandou desvencilhar-me das portas do meu amor-próprio?
É verdade que um condor negro sobrevoa minha pátria noite?
Que há de pesar mais na cintura: padecimentos? memórias?
Que deu em mim de transmigrar se vivem no Chile meus ossos?
Por que me movo sem querer?
Por que estou sempre desinquieto?
E se minh'alma desabou por que meu esqueleto prossegue?
Por que vou girando sem rodas e voando sem asas nem penas?
Por que minha roupa desbotada se agita como uma bandeira?
E que bandeira tremulou no espaço em que não me esqueceram?
Pois não foi onde me perderam que eu me dei, enfim, por achado?
Esse onde onde termina o espaço se chama de morte ou infinito?
Por que voltei à indiferença do maroceano desmedido?
Achas que o luto te antecipa à bandeira do teu destino?
Se caí no laço do mar por que fechei os meus caminhos?
Que significa persistir no beco da morte-sem-saída?
E no mar do não-passa-nada mortalha faz algum sentido?
Por que trabalham sal e açúcar construindo-se uma torre branca?
Onde fica o umbigo do mar?
Por que até ali não chegam as ondas?
Foi das costas do mar que eu vim: para onde vou quando me atalha? Não sentes também o perigo na gargalhada do maralto?
Onde terminará o arco-íris: dentro da alma ou no horizonte?
Vejo de novo o mar ab ovo: o mar me viu ou botou banca?
Não choras rodeado de risos - só - com as garrafas do vazio?
Quanto media o polvo negro que obscureceu a paz do dia?
Não será nossa vida um túnel entre duas vagas claridades?
Ou não será uma claridade entre dois triângulos escuros?
E não achas que a morte vinga dentro do sol de uma cereja?
Ou que em perigosas substâncias do não ser, a morte lateja?
Devo escolher esta manhã entre o céu e o mar, tudo ou nada?
Quem sabe lá de onde é que vem a morte: de cima ou de baixo?
A morte não seria enfim uma cozinha interminável?
Ou não seria a vida um peixe preparado para ser pássaro?
Tem coisa mais boba na vida que chamar-se Pablo Neruda?
Que vim fazer neste planeta?
A quem dirijo esta pergunta?
E que importância tenho eu no tribunal do esquecimento?
Não era verdade que Deus vivia no mundo da lua?
Minha poesia desgarrada abr'olhos com estes olhos meus?
Por que me picam as pulgas e os sargentos da literatura?
Que dirão da minha poesia os que não tocaram meu sangue?
Posso perguntar ao meu livro se eu mesmo o escrevi?
Desde quando?
Por que nas épocas obscuras se escreve com uma tinta extinta?
E por que detesto as cidades com cheiro de mulher e urina?
Quem devorou rente aos meus olhos um tubarão cheio de pústulas?
Por que andam as ondas me indagando sobre as mesmíssimas perguntas? Por que não nasci misterioso?
Por que cresci sem companhia?
Das tais virtudes que esqueci dá pra fazer um terno novo?
Onde está o menino que fui: anda comigo ou evaporou-se?
Sabe que nunca fui com ele nem ele comigo tampouco?
Por que estivemos tanto tempo crescendo para essa ruptura?
Quando minha infância se foi por que nós dois não fomos junto?
Ainda ontem disse aos meus olhos: quando de novo nos veremos?
Não é melhor nunca que tarde dentro de listões amarelos?
Em que janela me quedei em busca do tempo, se pulcro?
Ou o que diviso destes ermos ainda não passa de futuro?
Que me esperava em Ilha Negra: verdades verdes? Compostura?
Se morri e não me dei conta morto, a'hora, a quem me pergunto?
Quem me mandou desvencilhar-me das portas do meu amor-próprio?
É verdade que um condor negro sobrevoa minha pátria noite?
Que há de pesar mais na cintura: padecimentos? memórias?
Que deu em mim de transmigrar se vivem no Chile meus ossos?
Por que me movo sem querer?
Por que estou sempre desinquieto?
E se minh'alma desabou por que meu esqueleto prossegue?
Por que vou girando sem rodas e voando sem asas nem penas?
Por que minha roupa desbotada se agita como uma bandeira?
E que bandeira tremulou no espaço em que não me esqueceram?
Pois não foi onde me perderam que eu me dei, enfim, por achado?
Esse onde onde termina o espaço se chama de morte ou infinito?
Por que voltei à indiferença do maroceano desmedido?
Achas que o luto te antecipa à bandeira do teu destino?
Se caí no laço do mar por que fechei os meus caminhos?
Que significa persistir no beco da morte-sem-saída?
E no mar do não-passa-nada mortalha faz algum sentido?
Por que trabalham sal e açúcar construindo-se uma torre branca?
Onde fica o umbigo do mar?
Por que até ali não chegam as ondas?
Foi das costas do mar que eu vim: para onde vou quando me atalha? Não sentes também o perigo na gargalhada do maralto?
Onde terminará o arco-íris: dentro da alma ou no horizonte?
Vejo de novo o mar ab ovo: o mar me viu ou botou banca?
Não choras rodeado de risos - só - com as garrafas do vazio?
Quanto media o polvo negro que obscureceu a paz do dia?
Não será nossa vida um túnel entre duas vagas claridades?
Ou não será uma claridade entre dois triângulos escuros?
E não achas que a morte vinga dentro do sol de uma cereja?
Ou que em perigosas substâncias do não ser, a morte lateja?
Devo escolher esta manhã entre o céu e o mar, tudo ou nada?
Quem sabe lá de onde é que vem a morte: de cima ou de baixo?
A morte não seria enfim uma cozinha interminável?
Ou não seria a vida um peixe preparado para ser pássaro?
Também gostaria de perguntar aos meus livros se fui eu mesmo quem os escreveu.
ResponderExcluirBeijo
oie... voltei! e adorei seu blog. retribuindo sua visitinha agradável! :) beijinhos.
ResponderExcluirminha querida, estéril não, sacar Neruda do bolso é mais do que criativo.
ResponderExcluirMuitas dessas perguntas perturbaram a mente de muitos e a minha também. A questão é: que resposta devo dar para cada uma.
ResponderExcluirBeijos poéticos.