"PoLiTiCaMeNTe iNCoRReTa!!"

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Não PeRCa Seu TeMPo CoMiGo

Não perca seu tempo comigo!
Se você não quer laços e entrelaçados, não se enrosque em mim, nem por um instante, conserve-se distante.
Não perca seu tempo comigo se a sua conversa é de "- Ois, tudo bem?" em tons de protocolo e de respostas retóricas, minha extensão é maior, esses tons pastéis não me colorem.
Não perca seu tempo comigo se você deseja somente refrescar os pés nessas águas frescas e limpas, de boas intenções e sorrisos sinceros, se você quer apenas descansar suas articulações enferrujadas desse peso morto que carrega da vida, que não te deixa pegar impulso, que não te deixa suspender. Sou de mergulhos, de afogamentos, de imersões, de arritmias e desfibramentos.
Não perca seu tempo comigo. Teu cabelo alinhado não se dá ao desfrute do vento, eu não me caibo em paredes pintadas, em janelas fechadas e meus cabelos enamoram-se dos ventos que assanham, desequilibram e que deixam toda a vida por um fio.
Não perca seu tempo comigo se você não estiver disponível a calar-se nos meus silêncios polissílabos, que dizem quase nada à letra fiel, mas que contam tudo por entre os espaços em branco, pintado em lacunas estrategicamente espontâneas.
Não perca seu tempo comigo porque eu não sei ser pouco, ser média, ser rasa. Para mim não existe nada menos que amar demais, não sei apenas molhar artelhos, apertar as mãos, abraçar engessado. Sou de intensidade absurdas e o nada me é bem melhor que o seu tão pouco.
Não perca seu tempo comigo porque me apraz o beijo demorado, o encontro de peito com peito, e a demora um no outro até o encontro do tempo perfeito, até o ajuste do bit, até a junção simétrica das almas.
Não perca seu tempo comigo, o chão me sumindo dos pés me deixa muito mais cheia de adrenalina e sorrisos que esses tapas nas costas, que esses beijos nos ares, desperdiçados, afetividades formais.
Não perca seu tempo comigo se o que tens nas mãos são metades, são sobras de alguém, são as sobras do tempo, das noites, dos sóis, se são as sobras de ti, não me servem! Eu me dou em tempo integral e em vida completa, se me dás as sobras de ti, não tens espaços para o manjar que te sirvo de mim.
Não perca seu tempo comigo, a minha imersão é profunda, o meu mergulho é de risco e de fôlego raro, caro! Não perca seu precioso tempo comigo, porque o que eu desejo todo tempo é arrebatar cada passarinho gente que pousa ao meu lado, que me encanta calado... Não perca meu tempo consigo. Arrebatados são e sem fôlego ficam de fato, dobram de rir e sorriem nos olhos, aqueles e somente aqueles que com coragem ficam, e se perdem então, no tempo comigo, no tempo ido, no tempo imensurável de ser, de pertencer, de se permitir, de viver de verdade, e para viver de verdade – coragem.

*Texto escrito em 26 de Maio de 2014

BiS de MeRDa

E de novo, de novo, de novo!
História clichê que se repete.
Enfadonha, cansativa, um bis dos infernos.
Caminho diferente que leva ao mesmo lugar
Repetido, repisado, repisoteado.
De novo, de novo e ainda de novo.
Repetidamente.
Estrada até de belas sinuosidades
Surpresas voadoras
Recantos confortáveis e frescos
Cores diferentes e texturas eloquentes.
O caminho não era novo, não era outro.
E de novo, de novo, outra vez de novo
Repetidamente.
Um bis um tanto sem gosto,
quase até de mau gosto.