Tempo de Brisa

É tempo de ver!
Tempo de rever o tempo perdido
Entre murmúrios e lamurias,
Entre gestos vazios que riscam espaços
Quebrando a moldura esculpida pela vida.

É tempo de ler!
Tempo de reler-se como folhas de um velho livro
Que tantas vezes folheamos sem ler.
E sem protagonizar histórias
batemos suas capas duras displicentemente
ensurdecendo o silêncio, que anseia a alma ter.

Outrora éramos encantados.
Maçãs ruborizadas pelo mistério excitante do viver.
Fartávamo-nos em risos e flores, arco-íris e cores
Cheiros do amanhecer.
Dissimulávamos preocupações
Nos reflexos interlocutados com os lagos.

É tempo de ver!
Reencontrar as dignidades perdidas
no dia-a-dia, no quase nada fino trato.
Tempo de ouvir suav'ozes que gritam
Por um instante de calma.
Por um momento de sensatez.
Por um incandescente afago.
Por amor até a embriaguez.
Por um pequeno passeio
Que satisfaz um nobre latente anseio
De levar à alma, brisa.

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