A vereda, as vezes, ainda me é estranha
nos passos, ora acosta a brisa, ora vulcão
nos calos, ora a dor, ora oração
É mesmo meu esse meu caminho?
Pensando bem, eu desenhei o destino
Costurando amigos e situações
Conferindo os avessos, me esvaindo em canções
Desvio não há, esse é meu anti-padrão
Um destino é tão singular
É andança, é percepção
Fica leve e pesando de amores
não deixaram seus marcos em vão
Fica também um tanto de medo
aperto no peito, um punhado de frustração
É mesmo meu esse tão meu caminho?
Se pensar bem, eu rabisquei o destino
alinhavei amigos e contradições
caprichei nos avessos, me rendi às canções
Desvio não há, esse é meu anti-padrão
Um buraco estourado na alma
A pouca força na mão
Pra sustentar o forasteiro, o amigo estrangeiro
Um amargo corroendo por dentro
Ao perceber que não existe receita
Pra sorver a alma, a calma
Que não dá pra algemar-me às mãos daqueles que já não estão
Ah! O Destino
e a oferta de tantos caminhos
Que molda e que fere
Me nega e me acusa
Me tolhe e me forja
Que me colhe e me deixa escolher
Escolho, então, ser tudo que fui
e ter quem tive demorado no seio
Encolho nessa memória dorida
de não ter sido a figura acolhida
de não ter nas mãos os dedos embolados
ao longo da estrada - enrugados
Escolho sempre, ao longe, o horizonte.